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O BÁSICO SOBRE ROTEIROS QUE NÃO TE CONTARAM




Quando um personagem entra fundo na sua imaginação, traz um monte de possibilidades para o roteiro. Dá pra ambientar a história dentro da vida interna dele, e contar tudo o que se passa nos pensamentos e sensações. Ou trazer para o nível dos conflitos pessoais entre familiares, amigos etc. Ou mesmo até expandir para as instituições sociais colocando o personagem com dificuldades na escola, no trabalho e igrejas. O desafio é reduzir essa grande massa turbulenta de histórias de vida em mais ou menos duas horinhas de filme. Ou seja, tudo isso não servirá pra nada se esses conflitos não se transformarem em uma história que possa ser contada e é sobre isso que vamos falar hoje.


Escrever de um modo geral é sobre fazer escolhas. E elas não são fáceis. Mas há uma dica importante: você precisa procurar sempre por eventos e a seleção deles irá se transformar na estrutura do seu roteiro que deve organizada estrategicamente para estimular emoções específicas no espectador.

Basicamente um evento afeta ou é causado por personagens, que estão em um determinado ambiente, gerando imagens, ações e diálogos, criando conflitos e produzindo emoções no público.


Em outras palavras, um evento de um roteiro cria uma mudança significativa na situação de vida de um personagem que é expressa e experimentada por ele em termos de valor. Por valores vamos entender aqui como as qualidades universais da experiência humana que podem mudar do positivo para o negativo e vice-versa e que só pode ser alcançada por meio do conflito. Por exemplo: amor e ódio, liberdade e escravidão e verdade e mentira. Daí partimos para o próximo conceito: a CENA




A menor unidade de uma cena é o “BEAT”, que é a mudança de comportamento que ocorre por ação e reação. Já a cena é uma ação com o conflito em tempo mais ou menos contínuo, que transforma a condição de vida de um personagem em pelo menos um valor perceptível. O ideal é que toda cena seja um evento da história.


Aqui vai uma dica! Observe atentamente cada cena que você escreveu e se pergunte: qual é o valor em questão na vida do meu personagem nesse momento? Qual é a carga desse valor no início da cena? Depois vá ao final da cena e se pergunte como está esse valor agora? Se nada muda em valor é preciso fazer outra pergunta: Por que essa cena está no roteiro?

Se uma cena não é um evento verdadeiro, corte! Todas as cenas devem transformar! Esse é o nosso ideal! Como roteiristas nós trabalhamos para finalizar cada cena, do início ao fim, transformando o valor em questão na vida de um personagem do positivo ao negativo, ou do negativo ao positivo. É algo difícil, mas não impossível.


Geralmente, um bom teste para se saber se uma série de atividades constitui uma cena verdadeira é o seguinte: Ela poderia ser escrita em qualquer unidade de tempo e de lugar? Se sim, melhor repesar a sua escrita.



Uma série de cenas formam uma sequência, que por sua vez constrói a próxima estrutura: o ato. Nada mais é do que uma série de sequencias que culminam em uma cena climática, causando uma grande reversão de valores, mais poderosa em seu impacto do que em qualquer cena ou sequência anterior. Por sua vez, quando uma série de atos que levam o personagem de uma condição no início à outra diferente e transformadora no final, também chamado de clímax da história, temos um arco dramático.


Enfim, se você fizer com que o menor elemento faça o seu trabalho, o propósito de cotar uma história será cumprido. Faça com que cada frase de diálogo ou linha de descrição mude o comportamento e a ação ou estabeleça condições para a mudança. Faça seus beats construírem cenas, cenas construírem sequencias, sequencias construírem atos que conduzam a sua história até o clímax. Pense nisso. A gente se vê na próxima cena.

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