A arte da narrativa cinematográfica é uma jornada emocionante que envolve a construção cuidadosa de elementos fundamentais para cativar o público e contar uma história memorável. Uma das estruturas mais veneradas para criar essa narrativa é a Pirâmide de Freytag, desenvolvida pelo dramaturgo alemão Gustav Freytag no século XIX. Esta estrutura oferece uma visão clara e concisa da progressão de uma história, dividindo-a em cinco partes distintas: Exposição, Aumento da Ação (Ascendente), Clímax, Decrescimento da Ação (Descendente) e Desenlace. Vamos explorar cada uma dessas fases com exemplos para entender melhor como elas se aplicam na construção de um roteiro cinematográfico cativante.
1. Exposição: Introdução dos personagens, cenário e situação inicial
Na fase de Exposição, o cenário é montado e os personagens principais são apresentados ao público. Aqui, o objetivo é estabelecer o contexto da história, definir os principais elementos e criar uma base sólida para o desenvolvimento do enredo. Por exemplo, no filme "O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel", a Exposição apresenta o Condado, Frodo, seus amigos e o anel do poder, estabelecendo o mundo da Terra Média e o conflito central.
2. Aumento da Ação (Ascendente): Desenvolvimento do conflito e construção da tensão até atingir o clímax
Durante o Aumento da Ação, o conflito começa a se desenvolver e a tensão aumenta progressivamente. Os obstáculos surgem no caminho dos personagens, criando um senso de urgência e mantendo o público engajado. No filme "O Cavaleiro das Trevas", o Aumento da Ação ocorre à medida que o Coringa intensifica seus ataques em Gotham City, desafiando Batman a limites cada vez maiores e colocando a cidade em um estado de caos crescente.
3. Clímax: Ponto mais alto da história, onde o conflito atinge seu auge
O Clímax é o ponto culminante da narrativa, onde o conflito atinge seu ápice e as apostas estão no seu ponto mais alto. É o momento de maior tensão e drama, onde as decisões e ações dos personagens têm o maior impacto na história. No filme "Cidade de Deus", o Clímax ocorre quando Buscapé se vê cara a cara com o traficante Zé Pequeno, em um confronto que determinará o destino de ambos e o futuro da comunidade.
4. Decrescimento da Ação (Descendente): Resolução do conflito e diminuição da tensão
Após o Clímax, a história entra na fase de Decrescimento da Ação, onde o conflito começa a ser resolvido e a tensão diminui gradualmente. Os eventos se desenrolam para uma conclusão, e os personagens lidam com as consequências de suas ações durante o clímax. No filme "Efeito Borboleta", o Decrescimento da Ação ocorre à medida que Evan percebe as ramificações de suas viagens no tempo e trabalha para consertar os danos causados, tentando restaurar a ordem em sua vida e nas vidas daqueles ao seu redor.
5. Desenlace: Conclusão final, onde os elementos da história são amarrados e questões pendentes são resolvidas
Por fim, o Desenlace traz a conclusão final da história, onde os elementos restantes são amarrados e as questões pendentes são resolvidas. Os destinos dos personagens são revelados, e o público recebe um senso de encerramento satisfatório. No filme "Forrest Gump", o Desenlace apresenta Forrest refletindo sobre sua jornada enquanto se despede de Jenny, dando ao público uma sensação de conclusão e realização emocional.
Ao compreender e aplicar a Pirâmide de Freytag na construção de um roteiro cinematográfico, os escritores podem criar narrativas envolventes e emocionantes que cativam o público do início ao fim. Cada fase da pirâmide desempenha um papel crucial na progressão da história, permitindo que os espectadores se envolvam emocionalmente com os personagens e se sintam investidos na jornada que estão testemunhando na tela.
GUTO AERAPHE
Diretor CinematográficoDRT - Nº 8135
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